Demos louvores ao mercado da propaganda, que nos faz um grande favor ao nos dizer o que comprar, quando comprar, como usar e o quanto seremos lindos e populares ao usar tal produto, e porque não agradecer também por quando nos informa que tal produto já não serve para nós e que devemos trocá-lo por outro tão milagroso quanto.
Ironias à parte, o fato é que as propagandas além de serem unanimidade nos jornais, revistas e na nossa tão esperada novela das 20 horas, não se deixam esquecer nem na hora do nosso relaxante banho ( isso se você já tiver o último lançamento para cabelos secos no seu banheiro), do nosso café-da manhã ( quem é que não compra a margarina da família feliz levanta a mão...\o/) ou mesmo dos nossos corriqueiros papos sobre a ressaca do dia seguinte àquela festinha incrível, onde só tinha a tal da cerveja que dá dor de cabeça e não a outra que é mais cara, mas só te dá uma dor de barriga! (???)
Realmente me parece que o ser humano está se tornando essencialmente marketeiro, como pode se observar em um trecho do texto "Eu Etiqueta", de Carlos Drummond de Andrade que diz assim: "...saio da estamparia, não de casa, da vitrine me tiram, recolocam, objeto pulsante mas objeto." E o homem parace ter mesmo assumido o seu eu marketeiro, deixando de usar a sua capacidade de auto-promoção, que convenhamos, nos primórdios deveria ser de muita valia na hora de conquistar uma donzela, aliados ou lutas, para se tornar um objeto, uma coisa que serve apenas para fazer propaganda do que muitas vezes não tem nem serventia.
Infelizmente a conclusão que tiro disso, é que o homem parece ter perdido o último resquício de consciência de si mesmo e do que é realmente necessário para que possa viver dignamente, e esqueceu que o que importa não é a embalagem ou o nome do produto, mas em que ele faz diferença para a nossa existência, e em que aspectos tais produtos influênciam efetivamente nas nossas relações sociais.